Skip to content Skip to footer

Quando Füssen me Encontrou

H

oje senti a saudade bater, trazendo de volta Füssen, na Baviera, uma charmosa cidade medieval no sul da Alemanha, que segue vibrando dentro de mim como se eu ainda caminhasse por ali. Uma amiga, que acompanhava minhas andanças pelas redes sociais, apareceu com um convite inesperado: “Vem aqui pra casa, moro em Füssen”.

Na ida, a tranquilidade já dava sinais do que eu iria encontrar. Dentro de um ônibus de primeiro andar, viajávamos umas quatro pessoas e eu. Na primeira parada, desceram todos os viajantes e fiquei sozinha, durante umas três horas de percurso. A motorista – isso me deu alívio por ser uma mulher conduzindo – percorria uma estrada bucólica que me fazia respirar numa leve cadência.

Willkommen in Füssen.” Chegamos. Uma cidade pequenininha, com cerca de quinze mil habitantes tão charmosa quanto gelada me surpreendia. Eu nem podia acreditar no que os meus olhos viam. O destino inesperado se revelava, e eu só pensava: “por favor, me belisca”. Um lago azul-turquesa cortava a cidade e impactava a minha retina. Parecia cena de sonho. 

Encontrei Aline, que havia conhecido rapidamente em 2018, em São Paulo, na minha primeira viagem sozinha. Graças à tecnologia, o nosso contato estava ali, bolando entre algoritmos. Mas o encontro foi tão sublime e sincero que me fez duvidar que não éramos tão próximas. Aline me levou de bicicleta para as melhores sensações. Passamos uma tarde pedalando na divisa entre Alemanha e Áustria, vivendo uma experiência incrível.

A gente se emocionava rindo e nem sabíamos por que ríamos tanto… Mentira, sabíamos sim. O afago de um abraço amigo era o que precisávamos naquele momento. Cada uma no seu caminho, com sua demanda, com sua saudade, e um encontro que parecia ter sido arquitetado meticulosamente pelo universo para acontecer naquele instante. Estava sendo reconfortante.

Nos dias seguintes, enquanto Aline seguia sua rotina como qualquer cidadã brasileira-alemã, eu pedalava incessantemente como se quisesse chegar a algum lugar. E, por sorte, encontrei: me encontrei. Depois de semanas confusas e turbulentas, Füssen refletia o que poderia ter de melhor em mim: o silêncio, a leveza, o verde flamejante, o vento que acariciava os cabelos, o descompromisso com o sério, as boas companhias.

Füssen foi o abraço que eu precisava naquele momento. Nos encontramos… e foi exatamente na hora certa.

Leave a comment